quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Lentilha e Reveillon


Bons tempos aqueles em que, quando se pensava em alguém prá cozinhar, eu era a última opção!! Se é que era lembrada!!

Mas como estou guardando toda a minha sorte pro bolão da mega-sena de fim de ano, é claro que algo ia acontecer: eu, já com o fogão fechado prá balanço e unha feita, tive que ir prá cozinha.

Tudo começou quando, na casa da amiga Leila, descobrimos um grande número de sem-reveillon, micados em Sampa. Vamos viajar?? Ver viagem AGORA?? Só se for de carro, pro litoral, e desde que na casa de alguém. Ir prá Paulista?? (hahahaha). Por que não fazemos uma festa aqui em casa, perguntou a Leila?? Tem até lugar prá dormir, porque as “crianças” vão viajar! Fechado, fechado!!

Leila compra tudo e rachamos!! Música para meus ouvidos!!!

Mas, como eu ia dizendo, algo deu errado. Leila não achou lentilha e quis substituir por ervilha – a simpatia de sorte, dinheiro, felicidade, amor, etc., etc., só funciona se você comer LENTILHA na passagem do ano!!

Silvia então me ligou, com a maior cara de pau, e perguntou: “você pode fazer a lentilha?” E eu, idiota: “quer que ponha uma linguicinha??”

Pois!! Fiz, ficou linda, deliciosa, e não é por minha causa que não teremos sorte, dinheiro, felicidade, amor, etc., etc. em 2010!!

Com lentilha, ou sem, desejo sorte, dinheiro (a mega-sena é MINHA, tá?), felicidade e amor prá você nesse ano que vai entrar! Nos vemos em 2010.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal








Fui ao Shopping Ibirapuera na segunda no meio da tarde (é do lado de casa, posso ir a pé, e só por isso fui) e já estava impossível andar pelos corredores! Pessoas carregando sacolas e sacolas de presentes, e com cara de que a lista ainda não tinha acabado.

Fiquei pensando no tempo (não muito distante) em que eu também fazia isso.

Aliás, louca como sou (melhorei, mas ainda não passou de todo), em novembro eu já estava com 90% dos presentes comprados – só faltava os Amigos Secretos a sortear. E eu dava presente prá todo mundo, começando nos meus pais e terminando nos filhos do zelador.

Me senti TÃO feliz porque não tinha que comprar nada - como é bom estar livre desta maratona enlouquecedora!! Ainda participo de um ou dois Amigos Secretos, daqueles em que se rouba presente. Vale qualquer coisa, apenas pela brincadeira e pelo estar junto com os amigos! Cada vez mais as pessoas estão percebendo que, se o presentear é gostoso, a neura é insuportável!

Bom, e a comilança?? Tudo que você não comeu ou bebeu o ano todo (álcool, gordura, fritura, doces), tudo que você evitou com muito sofrimento e abnegação.................agora tá liberado prá meter o pé na jaca!!!!

Hoje passei a tarde fazendo fios de ovos - minha tradicional contribuição para a ceia de Natal, há mais de 30 anos. Só em dezembro abre-se uma exceção para se afundar nessa delícia; no resto do ano só se pensa no colesterol das gemas e nas calorias do açúcar. Minha Mãe cogitou a possibilidade de não fazer bolinhos de bacalhau e quase foi linchada!!! Ninguém preocupado com a fritura (bom do jeito que é, não pode fazer mal)!!!

Fazer o quê?? É Natal, vamos ver os amigos, estar com a família, trocar presente de Amigo Secreto, comer e beber!!!!! Ano que vem a gente corre atrás do prejuízo.

FELIZ NATAL para todos!!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Orkut, iPod e outros

Não sou muito fã do Orkut. Só comecei pela pressão de algumas amigas (né Ana?) e fiquei um ano sem entrar por problemas no meu login. Entro quando me deixam recado ou prá olhar uma coisa ou outra, mas não sou nem um pouco viciada.

Estou no Facebook (me cadastrei para ver as fotos da minha filha quando ela estava morando na Austrália), mas não tenho nada lá. No Twitter e MySpace eu nunca entrei – tenho até medo!!

Aliás, nem sei como uma pessoa, tão pouco eletrônica como eu, começou um blog.

Fui a última pessoa que conheço a ter celular. Meu celular não passa filme, não tira foto, não me conecta com a estação espacial – ele só telefona.

Fui a última pessoa que conheço a comprar aparelho de DVD – na minha última mudança, minha amiga Rosana me obrigou a me desfazer do meu velho e bom vídeo-cassete. E fiquei muito tempo vendo filme em P&B até ela vir em casa e conectar um cabo que estava solto atrás da televisão, trazendo um colorido lindo à imagem.

Computador, então, acho que até meu porteiro já tinha internet em casa e eu não.

(Tenho um lap-top que ganhei das minhas Amigas Super Poderosas Silvia, Rosana e Solange quando fui prá Portugal – elas me conheciam bem e achavam que nunca mais iam ter notícias minhas, longe e desconectada do mundo!)

É claro que também fui uma das últimas a trocar a câmera normal por digital. E o que me convenceu foi quando tirei uma foto da filha de 2 anos de uma amiga, e ela correu para ver como tinha ficado – fiquei envergonhada com a carinha de decepção dela e nem tentei explicar porque minha máquina não reproduzia a foto na hora – tenho certeza que ela não iria entender.

Muito relutante no início, eu, que só tirava foto quando sabia que ia sair boa e que valia a pena, comecei a apertar o botão cada vez mais. Mas essa troca foi bem-vinda porque ADORO fotos – minha família diz que deve ser algum antepassado japonês que passou isso prá mim – em qualquer lugar, a qualquer hora, em qualquer ocasião, eles dizem: “Ih, lá vem a Márcia com aquela máquina!!”

Tenho milhões de porta-retratos e álbuns (todos organizados) e, embora não imprima mais todas as fotos que tiro hoje em dia, ainda faço muitas em papel.

Não tenho iPod, MP3/4/5/6/7/8 (não sei em que número está e não sei a diferença entre eles), jogos interativos e sei lá mais o quê que existe por aí.

Mas, por incrível que pareça, e embora todos me considerem um ET, minha vida segue tranqüila sem isso.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Amizade

Estou no Brasil! Vim passar Natal e fugir do inverno de Portugal – que, dizem, só é ruim mesmo em janeiro. E que, pior que o frio, é a chuva.

Mas chuva também encontrei aqui – e em grande quantidade!! Desde que cheguei não vi um único dia de sol – SOL de verdade, como em Cascais. Calor sim, mas sol, não. Até um pouco de frio! E chuva, MUITA chuva.....

Mas não é disso que quero falar. Quero falar de amizade. Outro dia recebi um email com um texto sobre amigos, que era bem interessante - falava de amizade departamentalizada: amigo de caminhada, amigo de beber, amigo de balada, amigo prá chorar as mágoas, amigo do café no trabalho, amigo prá viajar,........ou seja, que temos amigos que “usamos” prá determinadas coisas.

É verdade. Existem amigos que são ótimos prá sair e bater papo, mas quando vão ao cinema, não param de falar – e isso irrita muito!! Então, você já sabe o que NÃO vai fazer com esse amigo. E por aí vai.....

Mas existe outro tipo de amizade, a amizade de época: da escola, da faculdade, do trabalho, do prédio, da academia, do curso de teatro, etc. Algumas dessas acabam: você se forma, troca de emprego ou de namorado, muda de bairro ou termina um curso. Ou seja, foram boas amizades, mas eram limitadas àquele ponto em comum. Outras vão além, e você leva essas amizades por muito tempo, prá vida toda até.

E tem aqueles amigos que você quase não precisa fazer, porque vêm prontos: os amigos de amigos que viram seus amigos.

Tem amigos que desaparecem e voltam depois, tem aqueles que vão e nunca mais.....

Tem amigos que você quase não vê, nunca telefonam, mas você pensa neles e sabe que eles pensam em você. E aqueles que, depois de muitos meses, você encontra e continua o papo interrompido da última vez.

Já vi alguns amigos e ainda faltam muitos para encontrar. Mas é bom estar aqui e poder rever todos até o momento de ir de novo prá Cascais.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tourada à portuguesa


Tem que ser mesmo MUITO "parvo" prá ser toureiro em Portugal. É claro que, por princípio, pressupõe-se um grande risco inerente ao trabalho. Mas a tourada portuguesa não é com capa vermelha, dando olé no touro e evitando-o.

É encarando, provocando, chamando o bicho pro confronto e – acredite se quiser – agarrando ele na unha.

Tem o toureiro que sofre mais (o mais parvo de todos), que é o que enfrenta o touro, leva a cabeçada no estômago e, agarrado nos chifres do bicho (a ponta é cortada), vai sendo sacudido enquanto os outros toureiros (uns 8), vão puxando o rabo, tentando agarrar no corpo e se pendurando no bicho até ele ficar imobilizado. Bingo!!! Tourada completada, ovação da platéia e saída estratégica do toureiro principal pro hospital, prá ver se dão jeito na hemorragia interna que tá rolando. Parece piada, mas é sério: a quantidade de toureiros que morre assim, por ruptura dos órgãos internos é grande. Ossos do ofício!!

Em julho fomos de trem à Serra da Estrela – não era a época certa para essa viagem, já que o must lá é a temporada de esqui no inverno – você sabia que tinha esqui em Portugal? Nem eu. Mas fomos lá no verão prá conhecer a região e as montanhas que são belíssimas. E provar o famoso queijo da Serra da Estrela in loco.

Na estação de Vila Franca de Xira, perto ainda de Lisboa, vimos a cidade toda enfeitada com fitas e bandeiras coloridas e cabeças de touro, serragem espalhada pelas ruas e o pessoal colocando barricadas nas portas das casas e prédios – aí entendemos que ia rolar um tête à tête das pessoas com os touros – sabe aquela farra em que soltam os bichos pela cidade e o pessoal sai correndo? Os que correm menos que os bichos, se ferram.

Pois é. No Brasil não temos esse “esporte” tão português, mas temos nossas modalidades de arrastão nas praias, nos túneis e nos engarrafamentos........

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Provincianismo e Civilidade








Falei outro dia da Cascais cosmopolita, mas Cascais também é provinciana.

Afinal, Cascais é Portugal e Portugal...............bom, Portugal é quase Europa.

Há 40 anos metade dos bairros de Lisboa (estou falando de Lisboa, não do interiorzão perdido de Portugal) não tinha esgoto nem água encanada. E, apesar da montanha de dinheiro que foi injetada aqui pela União Européia, para modernização, construção de estradas, infra-estrutura, etc, etc., Portugal continua sendo o “primo pobre” da CE.

E Cascais mantém tradições e costumes há muito esquecidos, perdidos no meu tempo de criança no Rio:

- o barulho do amolador de faca, que passa na rua procurando cliente

- intervalo no cinema – no meio da sessão, interrompe-se o filme por 15 minutos

- quermesses, danças típicas

- concurso de bandas

- apresentação da esquadrilha da fumaça

Provinciano?? Sim, é!! Mas eu AMO isso.

É pior do que morar no Brasil? De jeito nenhum.

Porque, por outro lado, toma-se um banho de civilidade, impensável prá quem nasceu e cresceu no Brasil:

- ver escolas e creches levando as crianças à biblioteca ou à praia no verão, na época de férias

- escolas abertas nas férias para que as crianças possam ir lá brincar e encontrar os amigos

- por o pé na faixa de pedestres sem sequer olhar pros lados, sabendo que os carros vão parar

- pegar bicicleta que a prefeitura empresta gratuitamente e ir passear pela cidade (as Bicas – Bicicletas de Cascais)

- ver que o preço de um produto diminui porque, veja só, o imposto foi reduzido!!!

- ver espetáculos e shows patrocinados pela prefeitura durante todo o verão

Isso tudo é tão bom!!! Poder sair na rua e curtir a cidade, aproveitar as coisas que a prefeitura faz pelos cidadãos, viver em paz.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cozinha










Fiquei de escrever sobre aquele comentário que fiz sobre cozinhar. Papai Noel? Saci-Pererê? Sarney honesto? Márcia cozinhando? Hahahaha – tudo estória da carochinha!!!!

Quando viemos prá cá, ano passado, o combinado era comer o que tivesse ou aparecesse: comida pronta, pão, frango no espeto, lanche – valia qualquer coisa.

Mas arroz e ovo frito eu sabia fazer, carne moída já tinha feito umas 2 ou 3 vezes, cozinhar legume não tem segredo, e aí, fui começando, tropeçando, derrubando coisas e me queimando – não só as mãos, como os pés – é impressionante a quantidade de coisa que pula da panela no seu pé, quando você não tem controle sobre elas!!!

É claro que, no começo, meu marido comeu uns pratos estranhos, sem gosto definido; mas ele ia dizendo que estava ótimo (a alternativa era não almoçar), me incentivando e eu, me esforçando, perguntando pra vizinha ou usando o abençoado skype para tirar dúvidas com minha Mãe.

Fui perdendo o medo (que é fundamental), pegando as manhas, experimentando, e gostando (que é mais fundamental ainda) - hoje faço almoço todo dia: peixe, bolo de carne, caldo verde, risoto de funghi, bacalhau e até frito bife (coisa que parece simples, mas quando a carne começava a espirrar na panela, eu morrendo de medo, gritava, abaixava o fogo e ia tudo pro brejo).

Aí vai a receita de um bacalhau que faço muito e já foi provado e aprovado pelos meus pais Célia e Fabiano, pela minha irmã Denise e cunhado Francisco e por meus amigos Silvia e Walter:

Ingredientes:

200 g de bacalhau por pessoa

Cebola, alho e azeite a gosto

1 ovo por pessoa

Batata palha a gosto

Como fazer:

1- Dessalgue o bacalhau, trocando a água até ela não ter mais um pingo de sal, ferva e escorra.

2- Coloque o bacalhau num recipiente e regue com azeite – atenção: se você colocar só um fio de azeite não vai ficar bom – é prá afogar mesmo o bacalhau – reserve por 20 minutos.

3- Numa panela, deite azeite (você pode aproveitar o que já está no bacalhau, colocando mais se necessário), muito alho espremido e cebola picada. Refogue até a cebola ficar transparente e junte o bacalhau, mexendo, em fogo baixo, até ele pegar o gosto do tempero. A base está pronta.

4- Coloque um ovo (clara e gema já misturados) e mexa até cozinhar. Coloque a batata palha a gosto e sirva.

Abra um vinho branco ou verde gelado, se estiver calor, ou tinto no inverno, e bom apetite!!!

Dicas:

1- Você pode comprar bacalhau em postas (como da foto) - dá mais trabalho, pois depois de ferver você tem que tirar pele, espinhas e desmanchá-los em pedaços, mas o bacalhau é melhor, pois vem as partes mais tenras.

2- Faça uma quantidade grande, e congele a base em porções para uma refeição.

3- Eu não coloco sal – a batata palha já é suficiente, mas, leve o sal à mesa prá quem quiser.

3- A base também fica uma delícia se misturado com tomate ou brócolis refogado, ou num arroz com legumes picados. Ponha azeitona também. Invente!

4- Dizem que carne se come com vinho tinto e peixe, com branco (alto teor de ferro no vinho tinto “briga” com o sabor do peixe). Mas você pode ousar. E, já que dizem que “bacalhau não é peixe: bacalhau é bacalhau!!”, ele combina muito bem com os dois.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Perdas e Ganhos

Muitas das coisas que nos dão mais prazer, e nos fazem felizes, são aquelas que não tem preço, ou seja, que você não pode ou não precisa comprar: o papo com um amigo, o sorriso de uma criança, um beijo apaixonado, a lua cheia no céu. O que faz você feliz?

A vida é feita de escolhas e às vezes, menos é mais.

Troquei o salto alto pelo pé na areia.

Parei de correr atrás do tempo e não uso mais relógio.

Compro só o que preciso, e não preciso de quase nada.

Stress, sapos cabeludos a engolir, horários, competição – um preço muito alto por prazeres que às vezes se esgotam no momento da compra.

Não ter milhões, mas ter o suficiente pra viver bem e tranqüila.

Não ter um bolsa Channel, mas poder andar à beira-mar sem preocupações.

Não freqüentar o restaurante da moda, mas não ter medo de andar sozinha à noite.

Não ter o celular última geração, mas poder dormir à tarde.

Uma amiga perdeu o emprego ano passado, no rastro da crise. Pôs em dia a lista de coisas pendentes, cuidou da reforma da cozinha, e me confessou, depois de 5 meses sem trabalhar, que já estava cheia de cuidar só da casa, das empregadas e do supermercado. Ah, eu disse, você tem razão: é muito melhor ter que trabalhar, enfrentar trânsito e chefe de cara feia, e ainda ter que cuidar da casa, das empregadas e do supermercado, né? Ela riu, mas continuou a procurar emprego.

Recebi outro dia um texto da Martha Medeiros (jornalista e escritora) publicado no jornal O Globo e fiquei feliz ao ver que ela concorda comigo (ou eu com ela, prá não ser pretensiosa), quando diz (extraio pedaços do artigo) que vida interessante não é ter a agenda lotada........ É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante”.

Há vida além da vida que você leva. Pense nisso!!

ET: Minha amiga já está trabalhando, estressada e feliz!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Na Linha do Trem










Lisboa fica a 35 minutos mais ou menos de Cascais, dependendo do “comboio”. O trem local para nas 15 estações entre as 2 cidades e o expresso ganha quase 10 minutos no trajeto.

O trem é quase um metrô de superfície, com vagões modernos, cadeiras confortáveis e ar condicionado. Além disso, a maior parte do trajeto é feita à beira mar ou beira rio, e a vista é linda. Você nem sente passar o tempo.

Saindo de Cascais, passa-se por Monte Estoril, Estoril (onde tem um cassino) e São João do Estoril – nesse percurso de 3 km, ao longo do mar, existe um caminho com piscinas de água salgada, praias (com área de apoio aos banhistas e “nadador-salvador”), restaurantes e bares - muito utilizado para exercícios (caminhadas, corridas, musculação – aparelhos e barras estão disponíveis) e passeios.

Construído pela Prefeitura, com pedras para contenção das marés, é chamado de Paredão. Fica bem cheio nos finais de semana e é lindo tanto no verão quanto no inverno, quando as ressacas avançam dando espetáculos e fazendo estrondos ao bater nas pedras.

A partir de Oeiras (o forte do Bugio marca o fim do rio), entra-e no Tejo e o visual muda. Vê-se a ponte 25 de Abril, as marinas com muitas embarcações, o porto com transatlânticos, e muitos restaurantes e bares na zona portuária recuperada e voltada para o turismo.

Passa-se também pelo Monumento aos Navegantes, Torre de Belém e o Palácio dos Jerônimos (três importantes e famosos pontos turísticos de Lisboa) e o Centro Cultural, bonito e moderno (projeto do arquiteto italiano Renzo Piano, um dos criadores do Centro Georges Pompidou, em Paris).

No Cais do Sodré, “paragem” final, tem-se ligação fácil e rápida com metrô, “auto-carro” (ônibus) e barco.

E Lisboa à sua disposição!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Turistas e Residentes

Cascais recebe muitos turistas, principalmente no verão.

Espanhóis da costa oeste chegam ao mar muito mais rápido em Portugal do que na própria Espanha, numa viagem de apenas 3 horas.

É muito comum ônibus espanhóis invadirem Cascais nos finais de semana, mesmo no outono e primavera.

Ingleses, franceses, russos, italianos, alemães e até americanos curtem o tempo bom e o clima gostoso de cidade de praia.

Meu marido adora a temporada, onde turistas fazem topless ou se trocam na própria praia - turistas mulheres, é claro. Bom, quanto a isso, não posso reclamar, porque os homens também dão shows variados. Sem falar dos grupos de russos que, não estando preparados para ir à praia, não se intimidam com isso. Correm até a beira-d’água, largam toda a roupa na areia e, de cuecas, se jogam no mar gelado (gelado mesmo – aqui a água é de 17° no verão), brincam como crianças, saem, se vestem e vão embora.

Como eles não pensaram nisso quando saíram de casa, a gama de cuecas é enorme: samba-canção, slip, algodão, lycra, brancas, pretas, novas e velhas.

E no mar de 17°, só vemos crianças (que não sentem frio, até ficarem roxinhas, enrugadinhas e batendo os dentes) e turistas nórdicos (que acham a água uma delícia).

Mas em Cascais também moram muitos estrangeiros, principalmente ingleses que, aposentados, vem curtir a vida aqui, com clima muito melhor e custo menor.

Existem colônias de ucranianos, cabo-verdianos, angolanos e brasileiros, e pontos de encontro de cada turma – se você quer fugir de brasileiros, não vá ao shopping. Se não quer ver ingleses, evite os pubs.

Mas o gostoso daqui é essa mistura de culturas, línguas e costumes.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estrela


A primeira vez que vi, não acreditei. “Mas como assim ELA CANTA?????”, perguntei.

Sentado no chão, o ciganinho tocava acordeão, e a seu lado, parada em cima de uma caixa de papelão, a cachorrinha (bem vira-lata), com uma cestinha na boca, esperando as moedas. Meu marido pediu pro menino faze-la cantar e, ao som de uma música específica, em determinado acorde, Estrela levanta a carinha e uiva: uúúúúuúúúúúúú, acompanhando a melodia – é muito, muito fofa. A criançada adora!! Mas adultos também se encantam.

Esses ciganos são uma família e você encontra vários meninos com cachorros nos pontos turísticos; se eles estão no metrô, os cachorrinhos se equilibram nos ombros deles.

Mas só a Estrela canta – conversei com o cigano mais velho e ele disse que não conseguiu ensinar pros outros. E Estrela já está muito, muito velhinha. Logo logo vai ficar na história.

Outro dia vi um dos meninos com um cachorrinho recém-nascido, que já estava no aprendizado – amarrado por uma corda à perna do garoto, estava aprendendo a ficar parado no lugar e a segurar sua cestinha.

Isso me fez lembrar duas piadas:

A primeira é do cara que estava ensinando seu cavalo a ficar sem comer, para economizar. Um dia um amigo o encontrou e perguntou como ia a experiência. E o outro: bom, foi por pouco; quando ele tava QUASE aprendendo, MORREU!!!!

A outra é do cara que vai visitar um amigo e quem lhe abre a porta é um gorila vestido de mordomo, que pega seu casaco, leva ele pra sala e indica o sofá, põe um CD de música clássica pra tocar e lhe serve um whisky. Quando vê o amigo chegar, pergunta, admirado, como ele conseguiu treinar o gorila. E o outro: bom, com paciência, atenção, tempo, psicologia animal e MUUUITA PORRADA!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Maitê Proença, Portugal e Brasil

Essa semana foi destaque na imprensa escrita e nos telejornais um vídeo que a atriz brasileira Maitê Proença fez quando esteve em Portugal, e apresentou no programa Saia Justa da TV brasileira. As chamadas eram “Atriz brasileira Maitê Proença insinua em vídeo que os portugueses são burros” ou “Atriz brasileira Maitê Proença ridiculariza portugueses em vídeo”. Eu só vi 4 cenas, que foram as que aqui passaram:

1- Maitê fala que Portugal esteve sob ditadura de Salazar durante mais de 20 anos.

Sim, não está errado, mas o comentário seria correto se tivessem sido 21 ou 22 anos – como foram 36 (e continuaram ainda por mais 6 com Marcelo Caetano, depois do afastamento por doença de Antonio Salazar), acho que a atriz não sabia bem do que falava. Eu, quando não sei uma coisa, pesquiso ou fico calada (“em boca fechada não entra mosca nem sai bobagem”) – posso passar por tímida ou por metida a besta, mas nunca por burra.

2- A atriz conta que o computador dela deu problema e no hotel mandaram alguém prá consertar, que não tinha a menor idéia do que deveria fazer.

Talvez tivesse sido mais correto da parte deles, ao invés de tentar ajudar e ser gentil, que tivessem dito: “Minha Senhora, nós somos um hotel e não uma loja de conserto de computadores”.

3- A atriz diz: “Vou mostrar uma coisa que prova que eles são...........portugueses”, e aparece, em cima de uma porta de casa, o número 3 fixado ao contrário.

Isso só mostra que quem pendurou a placa era iletrado (no caso, “inumerado”), mas não quer dizer que a pessoa fosse burra. Ou dona Maitê nunca andou pelo Brasil afora (e nem precisa ir muito longe) ou recebeu email com fotos de placas com erros crassos de ortografia em lojas, restaurantes, etc. Será que são todos portugueses aí ou somos uma terra de analfabetos e ignorantes? Vocês viram um vídeo com brasileiros cantando o hino nacional? Tudo bem que nosso hino é prá lá de difícil, mas aposto que muito poucos sabem o que estão cantando, quando cantam a letra certa, e muitos sequer conhecem as palavras que lá estão.

4- A melhor (ou pior) cena mostra uma fonte com a cabeça de um leão que deita água pela boca e a atriz, ao lado, “imita-o”, deixando cair uma fieira de cuspe. No programa Saia Justa as mulheres aparecem rindo - não sei se todas, não sei se constrangidas.

Fiquei envergonhada quando vi. Você pode fazer o vídeo que quiser, falando e fazendo o que quiser, e desfrutá-lo em família. Ou colocá-lo no Youtube, se quiser seus 15 minutos de fama. Mas você não pode ser uma pessoa pública, ridicularizar as pessoas a quem você foi pedir apoio (a atriz esteve aqui para lançar seu livro), e divulgar esse vídeo na TV. A reportagem portuguesa fala que Maitê se comporta de forma diferente, de acordo com seu interesse (sorridente e gentil nas entrevistas). A atriz, em seu blog, diz que não tinha intenção de ofender os portugueses. Acho que ela pensou que, por eles serem “burros”, não fossem entender a ofensa.

Sim, os portugueses são ingênuos, são ufanistas, tem uma lógica que é só deles. Mas eles não são burros. Nota zero prá Maitê Proença.

PS: Vi na internet que esse vídeo é de 2007 e que tá rolando maior polêmica sobre o assunto, com ataques à atriz e pedidos de desculpas da parte dela.

sábado, 10 de outubro de 2009

Rotina

Muita gente tem curiosidade sobre minha vida aqui – o que você faz o dia todo??

Tenho uma rotina, como todo mundo – não acordo mais às 5:30 para ir à academia, mas entre 8 e 9hs, para ir ao “ginásio”. É uma caminhada de 15/20 minutos, que fazemos sem pressa, tanto na ida como, e principalmente, na volta. Passamos na “venda” para comprar legumes e frutas frescas, ou jornal, ou algo que esteja faltando, sempre atravessando a vila e aproveitando o clima agradável.

E aí, acredite se quiser, eu vou prá cozinha e faço o almoço (isso merece um artigo especial) - quem me conhece, sabe que isso era uma coisa impensável (assim como limpar a casa, lavar roupa e essas coisas de dona de casa), que se revelou um gosto não sabido.

Depois do almoço (normalmente acompanhado de um bom vinho português branco ou verde gelado no verão, ou um tinto encorpado nos dias frios), “se calhar”, dou uma dormidinha e depois saímos para um café, damos uma volta, vamos ao cinema, à praia ou simplesmente sentamos à beira-mar para apreciar o dia ou tomar uma “imperial”. Tudo depende da vontade do momento.

À noite, depois do jantar (só salada), saímos para outro passeio, ver o movimento de turistas, olhar a lua, caminhar ao longo do mar, ou para as atividades promovidas pela Prefeitura (principalmente no verão).

E assim, de repente, o dia passou..........

Um bom livro, cama e boa noite.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Caras

Aposto que você vê Caras – digo vê, porque Caras não se lê. Não adianta dizer que “não, imagina, eu só leio Proust”, porque há de algum dia ter caído na sua mão – no cabeleireiro, dentista, médico – algum exemplar e você, meio encabulado (falo no masculino porque a mulherada já perdeu a vergonha), olhou pros lados prá ver se tinha alguém reparando, e mandou bala.

Mas, cá entre nós, Caras é mesmo revista prá cabeleireiro – totalmente sem compromisso e você pode até olhar sem óculos, já que só as fotos importam (a não ser que você queira saber a idade de alguma “celebridade”). E os desconhecidos que estão lá? “Fulana de Tal “abre” sua casa em Búzios” – haja imaginação (e gente querendo aparecer) prá encher uma revista por semana. E eu, que não vejo novela (sei, igual a quem não lê Caras, né?), não conheço sequer os artistas “famosos” – os da velha geração até sei quem são, mas a molecada nova, não tenho a menor idéia.

Aqui é diferente - não conheço os artistas portugueses (sei, você não vê novela, né?), mas o forte deles é em cima da realeza européia – então, reis e princesas de Espanha, Inglaterra, Suécia, Mônaco e outros – e suas constantes fofocas (casamentos, brigas, separações, traições) – recheiam a Caras portuguesa. Estou craque nos problemas familiares da turma de Espanha!!

Até pouco tempo, em Portugal, havia limitações para dar nomes aos recém-nascidos. Só podia Manuel, Pedro, Maria, Beatriz e mais quatro ou cinco. Depois abriram um pouco e até houve uma onde de Andréias e Vanessas (influência brasileira), mas eles ainda são bem conservadores neste ponto. E, como eles não aceitam nomes em língua estrangeira, também adaptam / traduzem os nomes da realeza. Assim, a rainha Elizabeth é rainha Isabel, o Charles é príncipe Carlos, a princesa Margareth é Margarida.

Caras, em qualquer lugar do mundo, é só prá ver e passar o tempo.

sábado, 26 de setembro de 2009

Frutas











Você só percebe como as frutas no Brasil deixam a desejar quando tem a oportunidade de comê-las fora. O turista até pode comer uma aqui ou acolá, mas é improvável que compre e experimente laranjas, cerejas, morangos, pêssegos, etc. como se estivesse em casa. Mas quando você mora aqui, e as frutas fazem parte da sua vida, você nota a diferença de cor, tamanho e sabor.

Nunca gostei de morango no Brasil – achava sem graça e tinha sempre que vir acompanhado de açúcar ou chantily ou outra coisa doce, para dar um pouco de gosto à fruta. Aqui, os morangos são quase pretos, enormes, suculentos, e não há como não gostar – e comer – MUITO!

As épocas das frutas são bem definidas, e você vai acompanhando o aparecimento dos primeiros morangos, caros e ainda não tão bons, até ficarem quase pretos, enormes, deliciosos e, quando eles começam a rarear, vem aquela explosão de cerejas e você compra e come 1kg por dia, e quando elas começam a diminuir e encarecer de novo, você tem que enfrentar os pêssegos, que derretem na boca.

Nem falei das ameixas (escura e branca), melões de diversos tipos, melancia, tangerina – mas acho que já dei uma idéia. Agora estamos na época das uvas, de todos os tamanhos, cores, tipos.

É uma delícia antecipar as temporadas, acompanhar o aparecimento e desfrutar dessas frutas maravilhosas!

Curiosidade: o limão aqui é amarelo e não verde como no Brasil – então é muito engraçado comprar detergente de limão amarelo ou tomar Coca limão com a embalagem com detalhes em amarelo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Marketing e Humor

Bom, se eu fosse mesmo falar do marketing português já iria encerrando por aqui.

Porque marketing é uma coisa que eles desconhecem – ou então ainda não atingi o QI necessário para poder entendê-los. O mesmo se dá com os programas de humor, que são impossíveis de assistir. Os portugueses não conhecem ironia, cinismo, sutilezas – pra eles é tudo ao pé da letra e é por isso que tanto as propagandas como as piadas são de um primarismo (pra não dizer mau gosto) inacreditável.

Por exemplo, eles anunciam remédio para diarréia, gases, etc, na televisão – e em horário nobre!! (pensando bem, é um problema que pode atingir qualquer um – vai ver eles é que estão certos).

Na campanha de verão para cuidados com a diarréia, o slogan era: “Porque há vida além da casa de banho”, viu? Se você não se cuidar, vai passar o verão no banheiro.

Na propaganda de remédio contra gases eles mostram mulheres com barrigas inchadas, sofrendo (ainda bem que não mostram na hora do alívio).

Numa de remédio para intestino preso, a mulher sai de casa e tem que voltar correndo para ir ao banheiro, porque tomou o remédio (sem comentários).

E tem uma de celular onde um “gajo” constrói uma máquina que fica martelando sua cabeça, porque ele não comprou um celular ultima geração.

Os exemplos são inúmeros e quando vemos um anúncio bom, pode crer que é de empresa mundial e a propaganda não foi feita aqui.

Os programas humorísticos, então..... O de maior sucesso aqui chama-se “Gato Fedorento” e posso passar horas em frente à TV sem esboçar sequer um sorriso – isso quando entendo a piada. Não é um humor irônico, não é um humor sequer pastelão. Você pode não gostar do humor da “Escolinha do Professor Raimundo” ou da “Praça da Alegria” (cito exemplos que conheço), mas é humor.

Para terminar, alguns nomes sugestivos e bem escolhidos para os produtos ou lojas daqui:

Água mineral – Das Pedras Salgadas (dá vontade de tomar, né?)

Água mineral – Carvalhelhos (fácil de pedir)

“Talho” (açougue) – Casa da Matança (genial!!!)

Loja mais chique de Cascais (com grifes D&G, Dior, Prada, etc.) - Loja das Meias

Loja de instrumentos musicais – Ruído

Vinhos – Cabeça de Burro / Pata na Burra / Casaca de Ferro / Quinta dos Currais

Quem sabe com o tempo eu começo a “perceber”??

Ai, melhor não, né??

domingo, 13 de setembro de 2009

Piroças

Na verdade, não sei se é Piroças ou Pirossas, mas o som é o mesmo e acho que nunca ninguém se importou com a ortografia.

Piroças é um cachorro de Cascais. Tem vários aqui desse tipo: cachorros que até tem dono, tem coleira, mas passam o dia na rua, dormindo na porta das casas e andando de lá pra cá.

O problema desses cachorros é que, como eles mesmos se passeiam, deixam seus “presentes” pelas ruas – uma coisa que me impressionou aqui, pois a cidade é muito limpa, mas os cocôs dos cachorros ficam expostos (ano passado houve até uma campanha de conscientização, pois não são todos que saem às ruas com os saquinhos para recolha dos dejetos).

Em Praga, ao contrário dos saquinhos plásticos, eles usam saquinhos de papel que vem com uma pazinha de papelão dentro – vi até um cachorro que carregava, ele mesmo, ao lado da dona, o seu saquinho – muito civilizado!!!

Em Cascais (não sei se tem nas outras cidades) tem um serviço da Prefeitura de coleta de cocôs soltos – um cara numa moto com uma espécie de aspirador, vai passando e “sugando”.

Perto de casa tem um outro cachorro “da rua”, chamado Spot (collie) – mas este, embora também saia pra passear na praça e volte quando quer, é muito bonito, bem cuidado, amoroso e faz festa pra todos – até eu, que não sou muito chegada, adoro ele.

No nosso caminho pra ginástica cruzamos sempre com 3 cachorros: um pequeno, preto e horroroso, com o pelo velho e gasto, que apelidamos de Tapete, pois é o que ele parece, largado na porta da casa. Os outros são uma dupla, um preto e um bege, que “pertencem” a outra casa. O preto, que parece pai do Tapete, é o Piroças.

Íamos subindo a rua e um homem passeava seu cachorro à nossa frente, quando vimos, do outro lado da rua, uma portuguesa (das antigas) com os dois cachorros maltrapilhos. Imediatamente, o preto atravessou a rua em direção ao outro cachorro, e a dona gritou: “Piroças, anda cá, Piroças!!”. E ele, apesar de velho, sujo e maltratado, é obediente, e voltou.

Bom, nem consigo imaginar de onde foi tirado o nome desse cachorro, mas a cadelinha bege, companheira dele, só pode ser a Buquetas!!