sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Turistas e Residentes

Cascais recebe muitos turistas, principalmente no verão.

Espanhóis da costa oeste chegam ao mar muito mais rápido em Portugal do que na própria Espanha, numa viagem de apenas 3 horas.

É muito comum ônibus espanhóis invadirem Cascais nos finais de semana, mesmo no outono e primavera.

Ingleses, franceses, russos, italianos, alemães e até americanos curtem o tempo bom e o clima gostoso de cidade de praia.

Meu marido adora a temporada, onde turistas fazem topless ou se trocam na própria praia - turistas mulheres, é claro. Bom, quanto a isso, não posso reclamar, porque os homens também dão shows variados. Sem falar dos grupos de russos que, não estando preparados para ir à praia, não se intimidam com isso. Correm até a beira-d’água, largam toda a roupa na areia e, de cuecas, se jogam no mar gelado (gelado mesmo – aqui a água é de 17° no verão), brincam como crianças, saem, se vestem e vão embora.

Como eles não pensaram nisso quando saíram de casa, a gama de cuecas é enorme: samba-canção, slip, algodão, lycra, brancas, pretas, novas e velhas.

E no mar de 17°, só vemos crianças (que não sentem frio, até ficarem roxinhas, enrugadinhas e batendo os dentes) e turistas nórdicos (que acham a água uma delícia).

Mas em Cascais também moram muitos estrangeiros, principalmente ingleses que, aposentados, vem curtir a vida aqui, com clima muito melhor e custo menor.

Existem colônias de ucranianos, cabo-verdianos, angolanos e brasileiros, e pontos de encontro de cada turma – se você quer fugir de brasileiros, não vá ao shopping. Se não quer ver ingleses, evite os pubs.

Mas o gostoso daqui é essa mistura de culturas, línguas e costumes.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estrela


A primeira vez que vi, não acreditei. “Mas como assim ELA CANTA?????”, perguntei.

Sentado no chão, o ciganinho tocava acordeão, e a seu lado, parada em cima de uma caixa de papelão, a cachorrinha (bem vira-lata), com uma cestinha na boca, esperando as moedas. Meu marido pediu pro menino faze-la cantar e, ao som de uma música específica, em determinado acorde, Estrela levanta a carinha e uiva: uúúúúuúúúúúúú, acompanhando a melodia – é muito, muito fofa. A criançada adora!! Mas adultos também se encantam.

Esses ciganos são uma família e você encontra vários meninos com cachorros nos pontos turísticos; se eles estão no metrô, os cachorrinhos se equilibram nos ombros deles.

Mas só a Estrela canta – conversei com o cigano mais velho e ele disse que não conseguiu ensinar pros outros. E Estrela já está muito, muito velhinha. Logo logo vai ficar na história.

Outro dia vi um dos meninos com um cachorrinho recém-nascido, que já estava no aprendizado – amarrado por uma corda à perna do garoto, estava aprendendo a ficar parado no lugar e a segurar sua cestinha.

Isso me fez lembrar duas piadas:

A primeira é do cara que estava ensinando seu cavalo a ficar sem comer, para economizar. Um dia um amigo o encontrou e perguntou como ia a experiência. E o outro: bom, foi por pouco; quando ele tava QUASE aprendendo, MORREU!!!!

A outra é do cara que vai visitar um amigo e quem lhe abre a porta é um gorila vestido de mordomo, que pega seu casaco, leva ele pra sala e indica o sofá, põe um CD de música clássica pra tocar e lhe serve um whisky. Quando vê o amigo chegar, pergunta, admirado, como ele conseguiu treinar o gorila. E o outro: bom, com paciência, atenção, tempo, psicologia animal e MUUUITA PORRADA!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Maitê Proença, Portugal e Brasil

Essa semana foi destaque na imprensa escrita e nos telejornais um vídeo que a atriz brasileira Maitê Proença fez quando esteve em Portugal, e apresentou no programa Saia Justa da TV brasileira. As chamadas eram “Atriz brasileira Maitê Proença insinua em vídeo que os portugueses são burros” ou “Atriz brasileira Maitê Proença ridiculariza portugueses em vídeo”. Eu só vi 4 cenas, que foram as que aqui passaram:

1- Maitê fala que Portugal esteve sob ditadura de Salazar durante mais de 20 anos.

Sim, não está errado, mas o comentário seria correto se tivessem sido 21 ou 22 anos – como foram 36 (e continuaram ainda por mais 6 com Marcelo Caetano, depois do afastamento por doença de Antonio Salazar), acho que a atriz não sabia bem do que falava. Eu, quando não sei uma coisa, pesquiso ou fico calada (“em boca fechada não entra mosca nem sai bobagem”) – posso passar por tímida ou por metida a besta, mas nunca por burra.

2- A atriz conta que o computador dela deu problema e no hotel mandaram alguém prá consertar, que não tinha a menor idéia do que deveria fazer.

Talvez tivesse sido mais correto da parte deles, ao invés de tentar ajudar e ser gentil, que tivessem dito: “Minha Senhora, nós somos um hotel e não uma loja de conserto de computadores”.

3- A atriz diz: “Vou mostrar uma coisa que prova que eles são...........portugueses”, e aparece, em cima de uma porta de casa, o número 3 fixado ao contrário.

Isso só mostra que quem pendurou a placa era iletrado (no caso, “inumerado”), mas não quer dizer que a pessoa fosse burra. Ou dona Maitê nunca andou pelo Brasil afora (e nem precisa ir muito longe) ou recebeu email com fotos de placas com erros crassos de ortografia em lojas, restaurantes, etc. Será que são todos portugueses aí ou somos uma terra de analfabetos e ignorantes? Vocês viram um vídeo com brasileiros cantando o hino nacional? Tudo bem que nosso hino é prá lá de difícil, mas aposto que muito poucos sabem o que estão cantando, quando cantam a letra certa, e muitos sequer conhecem as palavras que lá estão.

4- A melhor (ou pior) cena mostra uma fonte com a cabeça de um leão que deita água pela boca e a atriz, ao lado, “imita-o”, deixando cair uma fieira de cuspe. No programa Saia Justa as mulheres aparecem rindo - não sei se todas, não sei se constrangidas.

Fiquei envergonhada quando vi. Você pode fazer o vídeo que quiser, falando e fazendo o que quiser, e desfrutá-lo em família. Ou colocá-lo no Youtube, se quiser seus 15 minutos de fama. Mas você não pode ser uma pessoa pública, ridicularizar as pessoas a quem você foi pedir apoio (a atriz esteve aqui para lançar seu livro), e divulgar esse vídeo na TV. A reportagem portuguesa fala que Maitê se comporta de forma diferente, de acordo com seu interesse (sorridente e gentil nas entrevistas). A atriz, em seu blog, diz que não tinha intenção de ofender os portugueses. Acho que ela pensou que, por eles serem “burros”, não fossem entender a ofensa.

Sim, os portugueses são ingênuos, são ufanistas, tem uma lógica que é só deles. Mas eles não são burros. Nota zero prá Maitê Proença.

PS: Vi na internet que esse vídeo é de 2007 e que tá rolando maior polêmica sobre o assunto, com ataques à atriz e pedidos de desculpas da parte dela.

sábado, 10 de outubro de 2009

Rotina

Muita gente tem curiosidade sobre minha vida aqui – o que você faz o dia todo??

Tenho uma rotina, como todo mundo – não acordo mais às 5:30 para ir à academia, mas entre 8 e 9hs, para ir ao “ginásio”. É uma caminhada de 15/20 minutos, que fazemos sem pressa, tanto na ida como, e principalmente, na volta. Passamos na “venda” para comprar legumes e frutas frescas, ou jornal, ou algo que esteja faltando, sempre atravessando a vila e aproveitando o clima agradável.

E aí, acredite se quiser, eu vou prá cozinha e faço o almoço (isso merece um artigo especial) - quem me conhece, sabe que isso era uma coisa impensável (assim como limpar a casa, lavar roupa e essas coisas de dona de casa), que se revelou um gosto não sabido.

Depois do almoço (normalmente acompanhado de um bom vinho português branco ou verde gelado no verão, ou um tinto encorpado nos dias frios), “se calhar”, dou uma dormidinha e depois saímos para um café, damos uma volta, vamos ao cinema, à praia ou simplesmente sentamos à beira-mar para apreciar o dia ou tomar uma “imperial”. Tudo depende da vontade do momento.

À noite, depois do jantar (só salada), saímos para outro passeio, ver o movimento de turistas, olhar a lua, caminhar ao longo do mar, ou para as atividades promovidas pela Prefeitura (principalmente no verão).

E assim, de repente, o dia passou..........

Um bom livro, cama e boa noite.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Caras

Aposto que você vê Caras – digo vê, porque Caras não se lê. Não adianta dizer que “não, imagina, eu só leio Proust”, porque há de algum dia ter caído na sua mão – no cabeleireiro, dentista, médico – algum exemplar e você, meio encabulado (falo no masculino porque a mulherada já perdeu a vergonha), olhou pros lados prá ver se tinha alguém reparando, e mandou bala.

Mas, cá entre nós, Caras é mesmo revista prá cabeleireiro – totalmente sem compromisso e você pode até olhar sem óculos, já que só as fotos importam (a não ser que você queira saber a idade de alguma “celebridade”). E os desconhecidos que estão lá? “Fulana de Tal “abre” sua casa em Búzios” – haja imaginação (e gente querendo aparecer) prá encher uma revista por semana. E eu, que não vejo novela (sei, igual a quem não lê Caras, né?), não conheço sequer os artistas “famosos” – os da velha geração até sei quem são, mas a molecada nova, não tenho a menor idéia.

Aqui é diferente - não conheço os artistas portugueses (sei, você não vê novela, né?), mas o forte deles é em cima da realeza européia – então, reis e princesas de Espanha, Inglaterra, Suécia, Mônaco e outros – e suas constantes fofocas (casamentos, brigas, separações, traições) – recheiam a Caras portuguesa. Estou craque nos problemas familiares da turma de Espanha!!

Até pouco tempo, em Portugal, havia limitações para dar nomes aos recém-nascidos. Só podia Manuel, Pedro, Maria, Beatriz e mais quatro ou cinco. Depois abriram um pouco e até houve uma onde de Andréias e Vanessas (influência brasileira), mas eles ainda são bem conservadores neste ponto. E, como eles não aceitam nomes em língua estrangeira, também adaptam / traduzem os nomes da realeza. Assim, a rainha Elizabeth é rainha Isabel, o Charles é príncipe Carlos, a princesa Margareth é Margarida.

Caras, em qualquer lugar do mundo, é só prá ver e passar o tempo.