sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Provincianismo e Civilidade








Falei outro dia da Cascais cosmopolita, mas Cascais também é provinciana.

Afinal, Cascais é Portugal e Portugal...............bom, Portugal é quase Europa.

Há 40 anos metade dos bairros de Lisboa (estou falando de Lisboa, não do interiorzão perdido de Portugal) não tinha esgoto nem água encanada. E, apesar da montanha de dinheiro que foi injetada aqui pela União Européia, para modernização, construção de estradas, infra-estrutura, etc, etc., Portugal continua sendo o “primo pobre” da CE.

E Cascais mantém tradições e costumes há muito esquecidos, perdidos no meu tempo de criança no Rio:

- o barulho do amolador de faca, que passa na rua procurando cliente

- intervalo no cinema – no meio da sessão, interrompe-se o filme por 15 minutos

- quermesses, danças típicas

- concurso de bandas

- apresentação da esquadrilha da fumaça

Provinciano?? Sim, é!! Mas eu AMO isso.

É pior do que morar no Brasil? De jeito nenhum.

Porque, por outro lado, toma-se um banho de civilidade, impensável prá quem nasceu e cresceu no Brasil:

- ver escolas e creches levando as crianças à biblioteca ou à praia no verão, na época de férias

- escolas abertas nas férias para que as crianças possam ir lá brincar e encontrar os amigos

- por o pé na faixa de pedestres sem sequer olhar pros lados, sabendo que os carros vão parar

- pegar bicicleta que a prefeitura empresta gratuitamente e ir passear pela cidade (as Bicas – Bicicletas de Cascais)

- ver que o preço de um produto diminui porque, veja só, o imposto foi reduzido!!!

- ver espetáculos e shows patrocinados pela prefeitura durante todo o verão

Isso tudo é tão bom!!! Poder sair na rua e curtir a cidade, aproveitar as coisas que a prefeitura faz pelos cidadãos, viver em paz.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cozinha










Fiquei de escrever sobre aquele comentário que fiz sobre cozinhar. Papai Noel? Saci-Pererê? Sarney honesto? Márcia cozinhando? Hahahaha – tudo estória da carochinha!!!!

Quando viemos prá cá, ano passado, o combinado era comer o que tivesse ou aparecesse: comida pronta, pão, frango no espeto, lanche – valia qualquer coisa.

Mas arroz e ovo frito eu sabia fazer, carne moída já tinha feito umas 2 ou 3 vezes, cozinhar legume não tem segredo, e aí, fui começando, tropeçando, derrubando coisas e me queimando – não só as mãos, como os pés – é impressionante a quantidade de coisa que pula da panela no seu pé, quando você não tem controle sobre elas!!!

É claro que, no começo, meu marido comeu uns pratos estranhos, sem gosto definido; mas ele ia dizendo que estava ótimo (a alternativa era não almoçar), me incentivando e eu, me esforçando, perguntando pra vizinha ou usando o abençoado skype para tirar dúvidas com minha Mãe.

Fui perdendo o medo (que é fundamental), pegando as manhas, experimentando, e gostando (que é mais fundamental ainda) - hoje faço almoço todo dia: peixe, bolo de carne, caldo verde, risoto de funghi, bacalhau e até frito bife (coisa que parece simples, mas quando a carne começava a espirrar na panela, eu morrendo de medo, gritava, abaixava o fogo e ia tudo pro brejo).

Aí vai a receita de um bacalhau que faço muito e já foi provado e aprovado pelos meus pais Célia e Fabiano, pela minha irmã Denise e cunhado Francisco e por meus amigos Silvia e Walter:

Ingredientes:

200 g de bacalhau por pessoa

Cebola, alho e azeite a gosto

1 ovo por pessoa

Batata palha a gosto

Como fazer:

1- Dessalgue o bacalhau, trocando a água até ela não ter mais um pingo de sal, ferva e escorra.

2- Coloque o bacalhau num recipiente e regue com azeite – atenção: se você colocar só um fio de azeite não vai ficar bom – é prá afogar mesmo o bacalhau – reserve por 20 minutos.

3- Numa panela, deite azeite (você pode aproveitar o que já está no bacalhau, colocando mais se necessário), muito alho espremido e cebola picada. Refogue até a cebola ficar transparente e junte o bacalhau, mexendo, em fogo baixo, até ele pegar o gosto do tempero. A base está pronta.

4- Coloque um ovo (clara e gema já misturados) e mexa até cozinhar. Coloque a batata palha a gosto e sirva.

Abra um vinho branco ou verde gelado, se estiver calor, ou tinto no inverno, e bom apetite!!!

Dicas:

1- Você pode comprar bacalhau em postas (como da foto) - dá mais trabalho, pois depois de ferver você tem que tirar pele, espinhas e desmanchá-los em pedaços, mas o bacalhau é melhor, pois vem as partes mais tenras.

2- Faça uma quantidade grande, e congele a base em porções para uma refeição.

3- Eu não coloco sal – a batata palha já é suficiente, mas, leve o sal à mesa prá quem quiser.

3- A base também fica uma delícia se misturado com tomate ou brócolis refogado, ou num arroz com legumes picados. Ponha azeitona também. Invente!

4- Dizem que carne se come com vinho tinto e peixe, com branco (alto teor de ferro no vinho tinto “briga” com o sabor do peixe). Mas você pode ousar. E, já que dizem que “bacalhau não é peixe: bacalhau é bacalhau!!”, ele combina muito bem com os dois.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Perdas e Ganhos

Muitas das coisas que nos dão mais prazer, e nos fazem felizes, são aquelas que não tem preço, ou seja, que você não pode ou não precisa comprar: o papo com um amigo, o sorriso de uma criança, um beijo apaixonado, a lua cheia no céu. O que faz você feliz?

A vida é feita de escolhas e às vezes, menos é mais.

Troquei o salto alto pelo pé na areia.

Parei de correr atrás do tempo e não uso mais relógio.

Compro só o que preciso, e não preciso de quase nada.

Stress, sapos cabeludos a engolir, horários, competição – um preço muito alto por prazeres que às vezes se esgotam no momento da compra.

Não ter milhões, mas ter o suficiente pra viver bem e tranqüila.

Não ter um bolsa Channel, mas poder andar à beira-mar sem preocupações.

Não freqüentar o restaurante da moda, mas não ter medo de andar sozinha à noite.

Não ter o celular última geração, mas poder dormir à tarde.

Uma amiga perdeu o emprego ano passado, no rastro da crise. Pôs em dia a lista de coisas pendentes, cuidou da reforma da cozinha, e me confessou, depois de 5 meses sem trabalhar, que já estava cheia de cuidar só da casa, das empregadas e do supermercado. Ah, eu disse, você tem razão: é muito melhor ter que trabalhar, enfrentar trânsito e chefe de cara feia, e ainda ter que cuidar da casa, das empregadas e do supermercado, né? Ela riu, mas continuou a procurar emprego.

Recebi outro dia um texto da Martha Medeiros (jornalista e escritora) publicado no jornal O Globo e fiquei feliz ao ver que ela concorda comigo (ou eu com ela, prá não ser pretensiosa), quando diz (extraio pedaços do artigo) que vida interessante não é ter a agenda lotada........ É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante”.

Há vida além da vida que você leva. Pense nisso!!

ET: Minha amiga já está trabalhando, estressada e feliz!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Na Linha do Trem










Lisboa fica a 35 minutos mais ou menos de Cascais, dependendo do “comboio”. O trem local para nas 15 estações entre as 2 cidades e o expresso ganha quase 10 minutos no trajeto.

O trem é quase um metrô de superfície, com vagões modernos, cadeiras confortáveis e ar condicionado. Além disso, a maior parte do trajeto é feita à beira mar ou beira rio, e a vista é linda. Você nem sente passar o tempo.

Saindo de Cascais, passa-se por Monte Estoril, Estoril (onde tem um cassino) e São João do Estoril – nesse percurso de 3 km, ao longo do mar, existe um caminho com piscinas de água salgada, praias (com área de apoio aos banhistas e “nadador-salvador”), restaurantes e bares - muito utilizado para exercícios (caminhadas, corridas, musculação – aparelhos e barras estão disponíveis) e passeios.

Construído pela Prefeitura, com pedras para contenção das marés, é chamado de Paredão. Fica bem cheio nos finais de semana e é lindo tanto no verão quanto no inverno, quando as ressacas avançam dando espetáculos e fazendo estrondos ao bater nas pedras.

A partir de Oeiras (o forte do Bugio marca o fim do rio), entra-e no Tejo e o visual muda. Vê-se a ponte 25 de Abril, as marinas com muitas embarcações, o porto com transatlânticos, e muitos restaurantes e bares na zona portuária recuperada e voltada para o turismo.

Passa-se também pelo Monumento aos Navegantes, Torre de Belém e o Palácio dos Jerônimos (três importantes e famosos pontos turísticos de Lisboa) e o Centro Cultural, bonito e moderno (projeto do arquiteto italiano Renzo Piano, um dos criadores do Centro Georges Pompidou, em Paris).

No Cais do Sodré, “paragem” final, tem-se ligação fácil e rápida com metrô, “auto-carro” (ônibus) e barco.

E Lisboa à sua disposição!