terça-feira, 18 de maio de 2010

Vinhos









Desde os remotos tempos em que dividia minhas primeiras garrafas de vinho com minha amiga Silvia, muita coisa mudou. Naquele tempo, ela tinha 20 e poucos e eu, 20 e muitos. O vinho era muito ruim, mas a companhia era muito boa.

Acho que na minha 1ª separação o “ex” levou o saca-rolhas que prestava, pois o que eu tinha em casa não funcionava muito bem. Na verdade, não funcionava nada bem. E, depois de quebrar a rolha, tínhamos que arrancá-la com faca, ou empurrá-la prá dentro. Nesse procedimento muitas vezes chegamos a quebrar o gargalo da garrafa - coar o vinho se tornou obrigatório, para retirar cortiça e caquinhos de vidro.

Mas deu prá perceber que nossa vontade de tomar vinho era grande, né?

De lá prá cá, bebo vinhos melhores (e também tenho um saca-rolhas melhor).

Aqui em Portugal bebemos muito. Socialmente, é claro. Social e religiosamente, todo almoço é acompanhado por um bom vinho. Tintos, brancos, verdes, rosés, espumantes. Gostamos de todos, experimentamos sempre novos e repetimos nossos favoritos.

Tomar vinho é mais barato, e saudável, que tomar coca-cola. E sempre existem promoções fantásticas no mercado: vinhos com desconto de até 60% ou leve 2 pague 1. E são várias as regiões portuguesas produtoras de bons vinhos: Douro, Dão, Alentejo, Sado, Ribatejo, Tejo, Lisboa, Carcavelos, Minho, Beira Interior, etc. Temos na sala um “arquivo morto” (garrafas vazias), com um exemplar de cada uma já bebida.

O jornal Publico, aqui de Portugal, traz um suplemento semanal - a revista FUGAS - cujos temas são lazer, viagens, restaurantes, bares, hotéis, carros e vinhos!!! A seção Vinhos é grande e aborda vários assuntos: lançamentos de novos vinhos; comentários sobre as safras, regiões e plantações; prova de vinhos com comparativos e custo-benefício.

No último fim de semana Pedro Garcias escreveu uma crônica que vale comentar. Ele esteve em São Paulo, para a Expovinis Brasil, constatou que se bebe muito vinho português no Brasil e se chocou com o preço que cobram por eles nos restaurantes (aliás, também se escandalizou com o preço das refeições). Do produtor português à mesa do consumidor brasileiro o preço é, no mínimo, 12 vezes mais caro – claro, existe o custo do transporte, comissão da empresa de trading, (altos) impostos brasileiros, promoção, lucro do importador e margem final da garrafeira (loja) ou do restaurante – mas nada explica os absurdos: citou um vinho que sai daqui do produtor a 6,50 euros e está à venda num restaurante brasileiro a 160 euros!!!.

Lembro de um curso que fiz em São Paulo há alguns anos com uns amigos (Silvia incluída), de Enogastronomia – ou seja, degustação de vinhos com comida. Foram 3 jantares muito bons, em que comi e bebi bem, mas não lembro sequer de uma recomendação recebida (minto, lembro sim: vinho do porto combina com chocolate – mas isso eu á sabia!!) – era tanta “cor, corpo, taninos, gostos de frutas, de madeira, etc., etc., esse vinho com isso, aquele com aquilo outro”, que uma hora eu perguntei: “nós viemos aqui prá comer e beber ou prá conversar??” Afinal, não é um simples curso que te dá o conhecimento e a apreciação, mas o consumo cotidiano (e, de preferência, desde a tenra juventude). E sem muitas frescuras, pois como conta meu marido, seu avô provava o vinho e dizia: “buono” ou “non buono” – e é o que basta!!

2 comentários:

  1. Oi amiga!!
    Esses dias tomei uma garrafa de vinho sozinha!!! Delícia!
    Adorei ler sua postagem.
    Um beijo e saudade.
    Alek.

    ResponderExcluir
  2. Oi querida, tenho tomado por aqui bons vinhos, mas a companhia nao eh mais a mesma......
    Saudades!!!!!
    Silvia

    ResponderExcluir