quinta-feira, 30 de julho de 2009

“Carpe Diem” *

Quando a Marcinha morreu, a dor e a imensidão da perda me atingiram como um raio.

Quem teve a sorte de conviver com ela, sabe que era uma pessoa especial, alto astral, doce, expansiva, de olhos brilhantes e riso fácil, que curtia e amava a vida. Eu, que pude privar de sua amizade, sei o quanto ela foi querida pelos pais, irmãos e seus muitos amigos. Márcia não teve tempo de fazer tudo que queria na vida, mas tenho certeza que quis, com paixão, tudo que fez.

A sua morte aos 40 anos me chocou. Como alguém pode morrer nessa idade, com tanta coisa ainda por fazer, com tanta vida prá viver?

Eu me sentia culpada de não ter estado mais com ela, de não a ter visto mais uma vez, de não ter ouvido mais sobre seus sonhos ou de ter falado mais bobagem juntas.

Vi a morte dela como um aviso, e comecei a analisar o que eu estava fazendo com a minha vida. Nunca se sabe quando é a nossa vez, por isso não devemos nos prender a coisas sem importância e devemos curtir cada momento da nossa vida.

E veio a vontade de mudar tudo........

Um mês depois da morte da Márcia, meu amigo Eugenio foi surpreendido por um câncer ferrado, contra o qual lutou durante 3 anos e meio. Ele não tinha 50 anos, quando a doença o venceu, há duas semanas.

Eugenio era uma das pessoas mais brilhantes que eu conheci. Não nos víamos sempre, mas tínhamos uma amizade e carinho muito fortes. Na minha despedida do Brasil, ano passado, ele chegou pele e osso, irreconhecível, depois de uma das piores fases da doença e me disse: “Eu não podia deixar de vir te dar um beijo”.

Rosa, sua mulher, me contou que, apesar de tudo, ele teve uma boa vida, fez o que queria e, nas pausas da doença, ele pode curtir os filhos, viajar e passear.

Sei que um dia a dor passa e fica só a lembrança dele.


A morte da Marcinha me fez mudar de vida.

A morte do Eugenio mostrou que eu estava certa.


* “Desfruta o dia / Aproveita o momento / Viva hoje” – Horacio, poeta latino, sabia disso há 2000 anos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Futebol é coisa séria

Os brasileiros são fanáticos por futebol? Os argentinos também? Italianos, ingleses? Esqueçam!!! Não existe povo mais doido por futebol que os portugueses.

Aqui, a vida pára quando Portugal joga; antes, durante e depois, e desde o primeiro jogo dos campeonatos (talvez, lá no fundo, eles saibam que podem não ir muito longe então é melhor comemorar logo!).

São 3 os jornais diários de futebol - na verdade é de esportes, mas futebol ocupa 90%. O que se tem tanto pra falar de futebol todo dia??? (Bom, nesse ponto tenho certeza que meus amigos palmeirenses Rogério e Walter teriam milhões de argumentos pra me convencer desta necessidade cotidiana).

Porto, Benfica e Sporting são os maiores times de futebol de Portugal. Porto, é obvio, do Porto e os 2 últimos de Lisboa.

Mas para quem não conhece e acompanha o futebol de Portugal, tome nota: Benfica é o melhor time do mundo!! Barcelona, Milan, Real Madrid, Manchester???? Rá, rá, rá, tudo porcaria!! Timinhos!!

As eleições para presidência dos times ocupam semanas de manchetes e horário nobre dos telejornais. O pau tá comendo no “Irão”? A crise está afetando as empresas? Caiu mais um avião? Nada é mais importante que a eleição do presidente do Benfica.

Ah, e eles têm o Cristiano Ronaldo (C.Ronaldo, como eu o chamo) o melhor jogador do mundo, a maior transferência “de sempre”, Cronaldo, Cronaldo, o que ele come, as baladas que ele vai, os carros que tem, a casa que vai construir, Cronaldo, Cronaldo, quando não tem assunto, tome Cronaldo e quando tem, tome Cronaldo também.

Eu não acho ele lá essas coisas, mas só emito essa opinião em voz baixa e na segurança da minha casa! Não sou nem doida de falar mal dessa pessoa que é quase um “santo” para os portugueses!

Prá terminar: Beckham deve estar se roendo de inveja, não tanto pelo sucesso do Cronaldo, mas pelos modelitos (vocês viram??!) que ele usa!! Cronaldo disse que “quando você está seguro da sua sexualidade, pode usar o que quiser”. Huumm, tem pai português que é cego!!!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quero um Neto!!!

Não entendo a cara de espanto das pessoas quando digo que estou louca para ser avó!!

Só porque não tive filhos não tenho direito a ter netos??

Estou bem além do primeiro casamento, e desde o segundo que o pacote vem completo: marido + 2 filhos – uma amiga até me perguntou se eu conseguia abatimento no IR.

Cynthia e Lea, duas amigas queridas do colegial do Mackenzie já são avós e eu estou aqui, me roendo de inveja!!

Preciso fazer uma pesquisa: vale ser avó de filho de ex-filho? Se valer, eu até já sou um pouquinho avó......... – a 4ª ou 5ª avó da criança (hoje em dia, raramente as crianças tem apenas duas avós, como no meu tempo)

Mas não é isso que eu quero – eu quero um neto só pra mim!!!!!

Para poder mimar, estragar, dar sorvete antes do jantar, levar à praia, comprar todas aquelas roupinhas lindas que vemos nas vitrines, abraçar e beijar muuuuiiito!!!!

Fábio e Flávia: vou amar vocês mesmo que não me dêem um neto.

Ah, mas eu queria TANTO!!!!

sábado, 11 de julho de 2009

Línguas diferentes, acordo inútil

Pensei em escrever sobre as diferenças que existem entre a língua portuguesa e a “brasileira”, mostrando as palavras e expressões usadas aqui e no Brasil, pois a primeira vez que ouvi uma pergunta de um português, meus olhos se arregalaram de espanto e pensei: “nossa, não entendi NADA!! deveria ter prestado mais atenção nas aulas de inglês!! Inglês??!! Como assim inglês??!! Pois ele está a falar por-tu-guês!!!!”

Mas que parece uma língua estrangeira, ah, parece sim!!

Aí lembrei que o Mario Prata já tinha feito exatamente isso, quando morou em Cascais no início dos anos 90. Não tinha lido seu “Dicionário de português - Schifaizfavoire”, mas li agora e, embora o Portugal que ele retrata seja muito diferente do de hoje, as expressões e palavras que deixam você sem saber o que fazer estão todas lá.

Ou seja, o Mario Prata escreveu o livro que eu queria escrever!!!!

Pensei também em comentar o acordo ortográfico entre os países que falam a língua portuguesa. Mas Fernando Morais, no prefácio ao livro do Prata, também diz tudo que eu gostaria de dizer (tá ficando difícil escrever esse blog, com todos esses apressadinhos chegando na minha frente).

Morais fala da tradução que estava a ser feita de um livro escrito em português do Cabo Verde para publicação no Brasil, dizendo “se era necessário contratar um tradutor para publicar em português um livro escrito em português, estávamos diante de duas línguas diferentes”.

Tenho lido vários livros aqui e não são as palavras de grafia diferente (camião / caminhão, actual / atual, aluguer / aluguel) que atrapalham a leitura e a compreensão, e sim as expressões que são totalmente diversas das do Brasil, fruto da evolução social e cultural de cada país, que foi criando necessidades distintas e distanciando o modo de falar de cada povo. Ou seja, este acordo não serve pra nada.

PS: quem sabe um dia escrevo um livro que o Mario Prata gostaria de ter escrito!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Os porquês e a decisão

“Mas o que você vai fazer lá?” foi a pergunta que mais ouvi quando contei que ia mudar para Portugal, embora a pergunta mais pensada e não feita fosse: “Você tá louca?”

“Xi, este italiano, que ela mal conhece, virou a cabeça dela!!!”

Não vai trabalhar? Vai virar dondoca??

Afinal, eu ia pedir demissão de um bom (?!) emprego, deixar casa, família e amigos em São Paulo e me “aposentar” em Cascais, com meu marido.

Da decisão à partida foram apenas 3 meses e, embora a história toda dê um livro, resumidamente, algumas coisas já vinham me encaminhando para isso:

1- a morte prematura da minha amiga Márcia, que mexeu muito comigo

2- o desejo sempre presente de morar fora

3- o inferno que estava minha vida, morando em São Paulo e trabalhando em Curitiba

Da amiga Márcia eu falo outra hora, mas quando você perde uma pessoa próxima e querida que tinha ainda muito pra viver, você se questiona se vale a pena viver a vida que você está vivendo, se você faz aquilo que gosta, quanto prazer essa vida te dá; ou seja, você repensa tudo.

Morar fora sempre foi uma vontade, mas sempre tive medo de enfrentar as situações novas (“Medo?? Como assim??? A Márcia é uma das pessoas mais corajosas que conheço”, dirão muitas pessoas) - só eu sei o que me custava encarar uma situação nova, fingindo que tirava de letra.

Bom, o terceiro item nem precisa de comentários, né? (e com o apagão aéreo no auge!!!)

Na verdade, eu sempre sonhei com “um homem que me tirasse dessa vida” (essa vida = trabalho sem prazer; um homem = um homem rico, claro, para que eu pudesse parar de trabalhar).

Não foi preciso um homem rico; apenas um homem que me completava e me oferecia a oportunidade de viver uma vida diferente, numa cidade linda à beira-mar; uma vida simples mas sem estresse, trânsito, violência; sem horários, compromissos, obrigações.

O dinheiro que eu tinha juntado a vida toda não dava pra morar em Cannes mas, bem planejado, me bastava para viver bem em Portugal, passear e viajar.

Vim ano passado, adorei, voltei esse ano e espero ficar para sempre.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Cascais - uma cosmopolita vila de pescadores

Cascais está situada a 30 minutos de trem de Lisboa; é uma vila pequena com um lindo centro histórico, casas e igrejas antigas, diversas praças e parques e 8 km de deslumbrantes falésias à beira de um mar hipnotizante.

Fundada em 7 de junho de 1364, esta antiga vila mantém sua tradição de profunda ligação com o mar.

Ainda hoje é um porto de pescadores, com estrutura de apoio para conservação e distribuição do pescado; os coloridos barcos pesqueiros, ancorados na baía, são um cartão postal da cidade. E para os amantes da arte de navegar, a Marina de Cascais oferece imensa infra-estrutura, além de aulas de vela.

Mas Cascais também é, hoje, uma cidade com forte vocação turística: hotéis, lojas, bares e restaurantes de alto nível, extensa programação cultural nos seus museus, centros culturais e teatros, além de eventos musicais ao ar livre nas noites de verão.

Se quiser saber mais, veja www.cascaisatlantico.org ou www.cm-cascais.pt







Mais um Blog? Arghh!!!

Vejam bem: sei que não sou nenhuma Luana Piovani para atrair o interesse das pessoas, querendo saber o que eu faço todo dia.

Mas, como escreveu minha amiga Neide no seu blog (neidemartingo.zip.net),"Sempre achei que blog era como alguns tipos de roupas: lindos nos outros, péssimos para nós mesmos. Para mim, criar uma página com o próprio nome tinha um quê de arrogância. Mas alguns amigos e amigas me fizeram ver que a ferramenta pode ser útil para a salutar troca de idéias e informações ".

E sempre haverá alguém com tempo ou curiosidade para dar uma olhada e ver se tem algo interessante para ler, ou, pelo menos, para saber como estou.

Espero que gostem e voltem para outras visitas.